sábado, 19 de abril de 2014

Planeta extrassolar pode ser o mais parecido com a Terra já encontrado

A Agência Espacial Americana (NASA) anunciou hoje (17) a descoberta do Kepler-186f, um planeta mais ou menos do tamanho da Terra. A descoberta foi considerada um marco histórico principalmente pelos indícios do planeta poder habitar vida.


Planeta foi descoberto pelo telescópio Kepler, lançado ao espaço para localizar zonas habitáveis fora do Sistema Solar (NASA Ames/SETI Institute/JPL-CalTech).

Chamado de Kepler-186f, o planeta foi localizado pelo telescópio Kepler, da Nasa, que foi lançado ao espaço em março de 2009 com o propósito de procurar zonas habitáveis e planetas com dimensão semelhante à da Terra fora do nosso Sistema Solar.

São considerados habitáveis planetas que mantêm a maior parte de sua água em estado líquido — elemento que os astrônomos consideram fundamental para a existência de vida extraterrestre. 

No Kepler-186f, um ano dura 130 dias e seu tamanho é apenas 10% maior que o da Terra. O novo planeta gira em torno de uma estrela chamada Kepler-186, na constelação de Cisne. Ela é considerada uma “anã vermelha”, e estrelas dessa categoria tem menos que a metade da massa do Sol. A pesquisa que descobriu o Kepler-186f apontou que a posição do novo planeta em sua órbita é favorável para manter água em estado líquido e, consequentemente, algum tipo de vida. Já os outros planetas que estão no sistema não teriam a mesma capacidade que o recém-descoberto por estarem perto de mais da estrela, onde é muito quente.
Outros planetas que orbitam em torno de estrelas já haviam sido descobertos ao longo da história. Muitos deles, inclusive, também teriam condições de vidas favoráveis. Nenhum, porém, se aproxima da vantagem do Kepler-186f: ele não está nem muito perto, nem muito longe de sua estrela (assim como a Terra). Para os cientistas, é mais provável que exista vida em planetas sólidos, e ao que tudo indica, o novo planeta é rochoso. Sua densidade, outro fator importante para um planeta poder habitar vida, também semelhante a da Terra. Outra peculiaridade do Kepler-186f é a sua rotação, parecida com a do nosso planeta. “Planetas encontrados anteriormente têm apenas uma face voltada para a estrela e a outra para a escuridão. O Kepler-186f deve ter, portanto, uma temperatura bem distribuída na sua superfície”, diz Douglas Galante, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, e do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP, em entrevista à Veja.
Atualmente, apenas a Terra tem condições óbvias de vida no Sistema Solar. Marte, no entanto, já teve, há bilhões de anos, água e uma atmosfera espessa. Os astrônomos já mostraram, também, que as luas Europa, de Júpiter, e Enceladus, de Saturno, têm oceanos ou grandes lagos de água líquida sob sua superfície congelada, indícios de condições adequadas para alguns tipos de vida.